23 de nov. de 2011

Jornalismo de Moda

Abstract: This article analyzes fashion journalism and its three main functions: it highlights a different
body culture; it describes the instrument and the means of an essentially vestimentary consumption
system that is dedicated to entertainment; it shows a social moral discourse that rests upon the
dominant fashion style. By means of a critical language that associates esthetical involvement and
evaluation, fashion journalism favors the emergence of a culture of femininity, provoking a successful
transformation of social relationships. Playing simultaneously with moral values and economic
utilitarianism, fashion promotes the necessity of consumption as an essential category of human
existence. After describing these aspects, the article seeks to understand how fashion is entangled by
the press, thus identifying different modes of perception.




Keywords: journalism; fashion; criticism; femininity; art



Arte
A imprensa feminina coloca em evidência os perigos morais da moda, visto que ela exalta o
caminho feito da potência e da eficácia. Promovendo novidades materiais, publicando facilmente as
artes, ela faz a apologia da felicidade, glorifica a identidade feminina e contribui na conquista do
individualismo, que gera uma preocupação do homem com sua imagem, um investimento em si, uma
auto-observação estética sem nenhum precedente. A flexibilização das convenções morais e o recuo
do rigor religioso coincidem com esta liberação.
Ao fim do século XVIII, a imprensa feminina trabalha em escavações profundas, pois associa
estética do prazer a uma visão nova da vida livre das artes amenas, instrumentos conjuntos de liberdade
dos seres e sua dominação, e testemunhas das permanências e da distinção. “Denunciar os excessos
da moda é então passar à frente a sátira habitual dos costumes, é tentar medir os efeitos perversos de
um instrumento de liberdade”.
O jornalismo feminino serve à moda e preside o nascimento da publicidade das coisas, que
lhe dão garantia quanto à qualidade de sua informação e que alargam sua audiência. Atualiza o uso
dos procedimentos que fazem o sucesso da publicidade, pois promove uma representação sedutora
do objeto colocado em circulação, vendendo não apenas um produto, mas um modo de vida, num
cenário de apologia ao consumo generalizado, conforme observações de Baudrillard.
Para tudo isto, ele utiliza a potência material e intelectual das imagens, variável escritura e
uma nova sensibilidade. Estas ilustrações são sempre acompanhadas de um comentário, legenda
simples primeiro, depois discursos mais compostos organizados em conjunto com folhetins regulares,
notícias de moda, comentários estéticos, argumentações morais ou filosóficas, referências históricas,
informações teatrais, poéticas, musicais e também políticas.
Nesse sentido, ressalta-se a importância da moda como comunicação e da própria mídia em
geral, como um “médium” difusor, comunicador e também transformador de um determinado momento
histórico-cultural, reiterando, assim, as observações premonitórias de McLuhan e as análises
midiológicas exploradas por Régis Debray e Daniel Bougnoux que se debruçam sobre a descrição
da dinâmica da significação que os meios impõem à própria significação.
Neste cenário, o jornalismo de moda acaba desempenhando três funções principais: coloca em
evidência uma cultura diferente do corpo; descreve o dispositivo e os meios de um sistema de consumo
essencialmente vestimentar que serve ao entretenimento; exibe um discurso de moral social alocado
sobre a égide da moda triunfante

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